Estava tudo perfeitamente lindo, eu estava a apenas algumas horas do meu primeiro mochilão pela Europa em 1 ano morando em Dublin (Irlanda).
Já tinha reservado todos os hostels e comprado todas as passagens de avião entre as cidades, depois de passar por Amsterdam, Londres, Barcelona e Veneza eu iria pegar um cruzeiro por 12 dias pela Itália, Turquia e Grécia. <3
A ideia surgiu a partir da brilhante ideia de aproveitar o voo de conexão da passagem de volta para o Brasil. Havia desistido de voltar para o Brasil e não poderia reagendar a viagem para outra data, porque depois daquele dia a passagem expiraria, então resolvi usar pelo menos a conexão que iria para Amsterdam.
Eu e minha amiga (Pamella) havíamos combinado de nos encontrar em Amsterdam. Aliás, conheci essa amiga no voo de ida para Dublin. Na verdade a gente se conheceu no aeroporto da conexão, que foi também em Amsterdam, mas não conversamos muito e nem trocamos telefone. Porém, horas depois cruzei com ela de novo no mesmo hostel que eu estava e acabamos ficando amigas e saindo pra curtir no mesmo dia. Para aumentar ainda mais a coincidência, a viagem dela de volta para o Brasil ocorreria um dia depois da minha e também seria com conexão em Amsterdam. Por isso, combinamos de irmos juntas para lá e de lá eu seguiria viagem sozinha para as outras cidades. Estava tudo perfeito.
Mas como nem tudo são flores, quando fui fazer o check-in online, aproximadamente 10 horas antes do voo, descobri que a conexão havia mudado de Amsterdam para Paris. Entrei em contato imediatamente com a companhia aérea e eles me informaram que haviam me alertado da mudança por email. O problema é que eu não tinha mais acesso ao email que eu havia cadastrada a 1 ano antes.
Minha cara caiu e fiquei desesperada porque todos os destinos estavam conectados, não tinha como eu mudar meu destino, meu voo para Londres sairia de Amsterdam. Fora isso, antes dessa viagem eu já havia feito uma pequena viagem para Milão e Paris.
Comecei a pesquisar passagens aéreas de Dublin para Amsterdam, mas obviamente as passagens com apenas um dia de antecedência são caríssimas. Eu realmente não sabia o que fazer, pois pra piorar, o voo seria até mais tarde, enquanto que nos planos anteriores eu sairia de Dublin aproximadamente 6 horas da manhã, agora seria às 11 da manhã.
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Passei umas boas horas surtando olhando passagens para outras cidades da Holanda e algumas cidades da Bélgica, mas nada estava acessível.
Depois de um tempo, caiu minha ficha que a única solução que eu podia considerar eram outros meios de transporte que não mudam as tarifas mesmo sendo em cima da hora, como trem e ônibus. Mas claro que tinha o “pequeno” problema do mar que separava a Irlanda e a Inglaterra da Holanda e do resto da Europa.
Falando com meu pai ele me deu a idéia de pegar o eurotúnel. Como nem eu e nem ele sabíamos exatamente qual era o trajeto que ele percorria, fui pesquisar e descobri que ele ligava apenas a Inglaterra com a França.
Para quem não sabe, o eurotúnel é um túnel ferroviário submerso com aproximadamente 50 km de extensão, sendo 38 km de trecho submerso e atinge até 75 metros de profundidade. Ele liga Folkestone no Reino Unido com Coquelles na França.
Eu até tinha ficado animada com a idéia de pegar um túnel submerso, mas seria totalmente inviável e demorada a viagem. Eu teria que ir de Dublin para a Inglaterra, de lá para França e depois para Amsterdam. Foi quando finalmente caiu minha ficha. Porque raios eu não considerei pegar a conexão para Paris mesmo e de lá ir de ônibus para Amsterdam?
Na mesma hora comecei a pesquisar as passagens de trem e ônibus. A passagem de trem era bem mais cara, então teria que ser ônibus mesmo. Fiquei irritada em perceber quanto tempo eu iria perder pela somatória de o voo sair apenas ás 11 horas, o ônibus levar quase 7 horas para chegar lá e o aeroporto que eu desceria em Paris ser longe da rodoviária. Eu perderia o primeiro dia inteiro em Amsterdam, incluindo a primeira noite da diária que eu tinha reservado.
Resolvi parar de chorar as pitangas e seguir em frente.
Após reservar o ônibus fui dormir e descansar daquele dia estressante, meu mochilão duraria 1 mês e apesar de começar de um jeito louco, eu sabia que ele seria maravilhoso.
No dia seguinte encarei tudo aquilo com bastante ânimo, pensei: tenho história para contar!
Acho que até comecei a pegar um gosto por perrengues, até hoje penso que perrengues fazem parte das viagens e após serem superados, sobram as risadas.
Então segui viagem, de casa para o aeroporto de Dublin, de lá para o aeroporto de Paris e de lá para a rodoviária de Paris. Pensei em dar um oi de novo para a Torre Eiffel para valer a viagem, mas fiquei com medo de perder o horário do ônibus (só o que faltava né?). Resolvi ser prudente para variar um pouco.
Ocorreu tudo bem até eu chegar na rodoviária de Amsterdam. Só que eu cheguei tão cedo que ainda não estava passando ônibus. Eu tava detonada de dormir toda torta no ônibus, mas não queria perder mais tempo da minha viagem e resolvi sair andando por aí (sem internet e sem existir o google maps offline) até chegar no hostel (a louca!).
Quando cheguei na estação central de Amsterdam que não estava tão longe, peguei um mapa de Amsterdam e descobrir aonde era a rua do hostel e sai andando. Só que esses mapinhas turísticos não costumam ter a escala certa. Então fui chegar no hostel depois de um bom tempo.
Não é que ele era tão longe, depois que conheci melhor a cidade fazia o caminho a pé até a estação central em uns 20 minutos. Mas como eu estava indo às cegas, devo ter escolhido o pior trajeto. Além de estar carregando o mochilão e parar ás vezes para olhar alguma coisa. Acho que acabei levando uma hora para chegar e apesar de acabada, tratei logo de tomar banho e partir para a rua de novo.
Depois, foi tudo lindo, encontrei minha amiga e a viagem toda foi ótima. Como eu acabei ficando apenas dois dias em Amsterdam e amei a cidade, tive um pressentimento que voltaria lá algum dia. O que de fato acabou acontecendo! =)