Quem ama viajar sabe a alegria que é estar sempre em um lugar diferente, explorar, se aventurar.
Depois que você começa a fazer isso com mais frequência a sua percepção sobre os aspectos culturais dos outros países e das pessoas de outras nacionalidades vai mudando. Você vai percebendo que são muitas as diferenças mas que tem muita semelhança também, que somos todos cidadão do mundo.
O ser humano tem em comum os sentimentos. Uns mais, outros menos, mas todos carregamos emoções. É assim que a gente se identifica com o outro e percebe que não tem necessidade de fazer da nossa nacionalidade uma tribo.
Por isso eu consigo pensar pelo menos 7 razões para querer ser um cidadão do mundo
1 -Quanto mais você conhece o mundo, mais você quer conhecer.
Se você fez a sua primeira viagem internacional e já ficou com vontade de conhecer mais lugares, você vai perceber que quanto mais procura, pesquisa ou simplesmente se depara com novas possibilidades, mais você quer conhecer.
O mundo é lindo e diversificado, então dá vontade de explorar e conhecer melhor essa nossa terra.
Sabe aquela história de “Antes de viajar para o exterior, você devia conhecer o Brasil”? Para tudo! Faça o que você tem vontade ou simplesmente agarre as oportunidades que aparecem. Como eu já escrevi nesse texto que explico sobre os olhos de turista, eu sou a primeira a defender que você dê valor no que está pertinho de você, por isso a frase “Olhe em volta. Surpreenda-se!”. Porém, a idéia é você dar valor nos detalhes do seu dia a dia, no seu caminho para o trabalho, no bocejo do seu bichinho de estimação. Não desconsidere lugar algum, nem o Brasil e nem os outros, todos os lugares tem algo a ser visto. O ponto é você não ficar preso a esse negócio de primeiro vá para X e depois para Y.
Sai dessa! Se você tem vontade de ir pro nordeste antes do México, ou ao contrário, se joga e vai! Não ligue para essas opiniões amordaçadas.
Você vai querer conhecer cada vez mais porque ninguém se contenta em conhecer apenas um cômodo da casa, você vai querer ver todos.
O lance é ser feliz e entender que nosso lar é todo canto. Da vontade de deixar de lado aquela camiseta escrita “Orgulho de ser brasileiro” e vestir a camiseta de “Orgulho de ser do mundo”.
2 – Por que absorver apenas uma cultura?
É inevitável dizer que nós brasileiros temos nossas características, manias e comportamentos. Assim como as outras nacionalidades também tem. Mas vamos combinar que uma parte delas não são legais e podem ser extremamente incomuns em outros lugares.
Um exemplo comum é furar fila, chegar do lado do amigo e fingir que nada aconteceu. Se esse não é seu caso, ótimo, mas você sabe que é bem comum, certo? Pois bem, em alguns países essa não é uma prática nada comum. Então está aí um exemplo simples de que ser um cidadão do mundo pode te ensinar a não fazer algo que nossa sociedade nos mostrou desde pequenininho que “tudo bem” fazer. Tudo bem porque embora a gente saiba que é errado, não é todo mundo que respeita e tem muita gente que faz pois se o outro faz, ela pode também. E aí vira um ciclo super difícil de quebrar.
Então você vai para um país que todo mundo respeita tanto, que a fila chega a ser perfeita, um atrás do outro certinho. Você admira aquilo e passa a querer ser assim também, mesmo que o outro não seja.
O contrário também serve, nós brasileiros também temos muito a ensinar e mostrar muita coisa legal da nossa cultura.
À medida que você entende que é um cidadão do mundo você se abre para tudo isso, para aprender, ensinar, conhecer e principalmente absorver o que você acha que é melhor do que aquilo que aprendeu.
3 – Competir é muito mais saudável quando deixamos a arrogância de lado
Umas das coisas que mais separa os países em grupos é o esporte. Competição não é um problema, havendo respeito, está tudo certo.
O problema não é competir, é desrespeitar. Isso acontece muito por causa da arrogância de alguns torcedores que se gabam da superioridade dos times, não praticam a menor humildade e pior: levam isso para fora do ambiente de competição.
Quando você é um cidadão do mundo, você entende que aquilo é um entretenimento estritamente esportivo, não tem nada a ver com a “vida real”, a vitória do time adversário não significa ser uma nação melhor ou mais especial.
Sabe aquele orgulho de ser brasileiro que vem contudo na época da copa do mundo? É o instinto competitivo batendo na porta, nos dizendo que somos os melhores no futebol, somos a melhor torcida, os mais animados e que nosso povo é o mais caloroso do mundo. Realmente nós somos muito calorosos, mas não somos os únicos e provavelmente também não somos os “maiorais”.
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Se existisse uma competição de torcida mais animada nós até poderíamos vencer, mas não existe tal competição e se existisse acho que seria bem difícil de escolher a melhor.
O problema é acharmos que somos melhores sem nem saber direito a realidade do outro, baseado só no que sabemos de nós mesmos.
Uma vez entrei em uma discussão com um amigo Boliviano, eu afirmava que o Brasil era um país muito mais lindo que a Bolívia, mas naquela época eu não conhecia nada sobre a Bolívia. Fiquei falando que no Brasil as praias são maravilhosas e que na Bolívia nem tem praia. Então ele me falou sobre o deserto Salar de Uyuni, eu não dei bola, então ele me mostrou algumas fotos. Na hora eu fiquei completamente surpresa e me toquei que eu estava sendo arrogante por saber que o Brasil tem praias que estão entre as mais lindas do mundo, como Fernando de Noronha.
O problema é que eu me fechei nisso por causa da minha arrogância de querer me gabar pela beleza do meu país e ignorei que a Bolívia também poderia ser linda.
Ao entender que sou cidadã do mundo eu passei a morrer de orgulho do Salar do Uyuni, de Fernando de Noronha e de outros lugares até mais simples. Hoje em dia não tenho mais porque distinguir, é tudo nosso.
4 – Você não escolheu onde nascer, então como sabe que é a melhor escolha?
Nascer em um lugar não é pré requisito para aquele lugar ser o melhor lugar do mundo.
Só porque lá é sua origem não significa que tem que ser também o seu destino. O trajeto das nossas vidas quem traça somos nós, nada tem que estar previamente definido porque aquele foi o local que nossa mãe estava quando deu a luz ou que sua família decidiu ficar.
O lugar de criação e a sociedade que ali pertence tem uma importância fundamental nas nossas vidas, porque é nessa fase infantil que vamos formando nosso caráter e nossa essência. Só que na fase adulta ainda temos muito a aprender, a conhecer e a questionar sobre as coisas que não concordamos.
Assim, começamos a procurar outras referências, e quer melhor fonte de pesquisa do que esse mundo?
Então você começa juntar as peças, uma coisa que aprendeu aqui, outra coisa que aprendeu ali e BUMMM! Você percebeu que absorveu coisas de todos os cantos e que agora você é um cidadão do mundo.
5 – Ter vivido em um só lugar é uma espécie de prisão mental
Tem praga maior do que os pré-conceitos, os preconceitos e as estereotipias?
Elas realmente são uma prisão mental, porque quando você é modelado pelo ambiente que vive, tem muita dificuldade de ver além dele, de sair dessa prisão. Aquela maneira de pensar fica enraizada em você, às vezes mesmo você querendo se soltar dela, você tem dificuldade, tem que ficar se policiando porque ela é muito antiga e forte.
Afinal, que brasileiro já não ouviu que francês usa perfume para disfarçar o cheiro porque não tomam banho, que os ingleses são metidos e que os irlandeses são bêbados? Aliás, que gringo nunca ouviu falar que as brasileiras são prostitutas? Graças ao bom senso da maioria deles não estereotiparem, nós mulheres não sofremos tanto por isso.
A ignorância é maldita e pode prejudicar muitas pessoas. Para mim é premissa dizer: esqueça os estereótipos. Pode ter até francês que não gosta muito de chuveiro, inglês que empina o nariz e irlandês que bebe pra caramba, assim como no Brasil tem bastante prostituta. Mas só porque existe uma parcela, não significa nem se quer que ela é grande, só significa que aquela informação se espalhou e não foi embora, mesmo que muitas vezes não seja nem mais a realidade atual.
O mesmo vale para os pré-conceitos, que inclusive são combustíveis para a formação de um estereótipo. Uma pessoa te fala a experiência dela e se você leva aquilo como verdade, o pré-conceito está formado. Então você passa aquela informação para outras pessoas, de vez em quando até distorce ou aumenta e aquilo vai passando até formar um estereótipo.
A formação do preconceito também não fica muito de fora dessa linha, você passa anos e anos ouvindo que determinada cor, raça e opção sexual não são legais. Ao passo que você aceita aquilo como verdade, já era, para você acordar só com influências opostas.
Então uma vez que você entende que você é cidadão do mundo, tudo isso cai por água abaixo. Nas primeiras três pauladas que você leva em ver que as coisas não eram como você pensava, você já fica esperto e percebeu que tudo na vida precisamos ver com nossos próprios olhos e tirar nossas próprias conclusões (e mesmo assim editar elas sempre que necessário).
Acho que uma das primeiras lições da vida depois que você mora fora ou começa a viajar bastante e ficar um tempo maior nos destinos é que devemos manter o máximo nossa mente aberta e bloquear o que pudermos das influências negativas. Influências positivas não são um problema porque elas não são destrutivas, às vezes aquilo que é bom para o outro, não é bom para você e você vai chegar nessa conclusão.
6 – As fronteiras são imaginárias
Ok, isso é bem óbvio, mas parece que tem gente que pensa que as fronteiras são muros (há pessoas que de fato consolidam esse pensamento).
Não estou dizendo que elas não são úteis ou que não deveriam existir. Elas são essenciais para organizar o mundo, sem elas seria impossível um governante sozinho controlar tudo. O Brasil é exemplo disso, já é super difícil de organizar, em parte pelo tamanho do território e em outra pelas diferenças de interesses entre os estados, que aliás, também são divididos por essa razão.
Também entendo que não tem como liberar a entrada para moradia de todo mundo em todos os lugares. É claro que isso seria um caos generalizado. Boa parte da população mundial iria querer se mudar para o lugar que considera melhor, para os países de primeiro mundo e o problema disso é que muita gente iria para o mesmo lugar e não teria espaço para todos. Isso é inclusive uma das razões porque hoje São Paulo é uma cidade tão caótica e tão populosa. Tem muita gente que se muda para cá por acreditar que aqui as condições de empregos são melhores.
A única solução seria se em todo lugar existissem todos os recursos para uma vida digna à população local. Talvez assim as pessoas não quisessem sair de onde estão e o mundo poderia ser mais aberto a todos, mas isso não vai acontecer enquanto houver países de segundo e terceiro mundo.
O que eu defendo é que quando você conhece o mundo e entende que apesar de não poder viver em qualquer lugar, ele é seu. Você não precisa se enraizar para chamar de lar.
À medida que você acredita nisso, você ainda vai gostar de ser brasileiro, mas você não sairá falando por aí que o Brasil é o melhor país do mundo, que o povo brasileiro é o melhor, que o Brasil tem as melhores praias (Ops..! rs). Santa ignorância, não é só porque é o país que você nasceu que é o melhor em tudo.
Quando você conclui que é um habitante do mundo, o seu orgulho não é só pelo seu país e sim pelo seu mundo, o planeta terra. Como disse o filósofo romano Lucius Annaeus Seneca: “I am not born for one corner; the whole world is my native land.” (Eu não nasci para um canto; o mundo todo é minha terra natal.)
=)
Adorei o post, e todas da seção inspire-se, são realmente inccentivadores para viajar…pena que ainda não estamos podendo…
Nem me fale Michelle, to doida para voltar a viajar!
Feliz que tenha gostado dos posts! Brigada! ❤