Se você é mochileiro e se considera um andarilho por isso, precisa conhecer a história desse aposentado que andou 24 mil km em viagem de volta ao mundo. Isso mesmo. Ele deu a volta ao mundo a pé!
Com 60 anos de idade, o russo Serguêi Lukianov saiu em sua missão dia 1º de abril de 2015 e voltou para casa, em São Petersburgo na Russia, dia 4 de fevereiro de 2017.
Embora muitos dissessem que o feito seria impossível, “muito complicado”, “muito difícil” e “um tanto caro”, Serguêi estava seguro que conseguiria.
“Em toda a minha vida, eu jamais tinha feito algo assim antes de embarcar nessa viagem. Eu estava confiante de que chegaria ao fim, isso é tudo”, contou Lukianov.
A volta ao mundo a pé
Serguêi não tem certeza mas acha que visitou por volta de 20 países, de acordo com ele “fica difícil lembrar o número exato, porque tudo aconteceu espontaneamente”. Ele conta inclusive que até os vistos foram tratados de forma espontânea.
“Por exemplo, cheguei à fronteira chinesa, onde eu acreditava ser um posto de controle, mas quando cheguei lá, descobri que o posto de controle era apenas para cidadãos chineses e vietnamitas.Todos os outros tinham que ir para um posto de controle diferente, 300 milhas de distância . Meu visto já tinha expirado, mas eu tive que tomar um desvio e acabou pagando uma multa. “
Ajuda à distância
Felizmente Serguêi teve ajuda durante todo o trajeto. Graças a seus amigos em São Petersburgo, que criaram uma espécie de centro de coordenação.
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Um deles, Mikhail Sokolovsky foi o que ajudou o aposentado por todo o período que ele esteve na estrada. Ele enviava instruções, buscava pessoas que pudessem encontra-lo em caso de sumiço e procurava pessoas que pudessem abrigá-lo por uma noite.
Miojo e Coca-Cola
Outra forma que ele tinha de economizar era com a alimentação. Ele comia sempre algo do local, nozes e principalmente queijo, carne defumada, manteiga e pão. Na dieta forçada ele acabou perdendo 14 kilos.
“Eu mudava de cidade todos os dias, e como a água é diferente em todos os lugares, o corpo leva cerca de uma semana para se acostumar com as novas condições. Para evitar a diarréia, eu bebia Coca-Cola, uma vez que é a mesma em toda parte. Uma Coca tem 8 colheres de açúcar, o que é energia suficiente para 3 milhas. Se eu tivesse sopa, teria sido suficiente para meia milha em termos de consumo de energia “
Outra técnica curiosa que Lukianov relata é que também usava a Coca para diluir o miojo. Ele explica ainda que ao invés de 3 minutos para ficar pronto, o miojo demorava 1 hora. Mas para quem está com fome está valendo não é mesmo? Vou até deixar anotado aqui para as próximas trilhas. =)
Os contratempos da volta ao mundo a pé
Pouco depois de sair na missão de dar a volta ao mundo a pé, o aposentado foi surpreendido com um problema na hérnia. Ele estava em Kemerovo, na Sibéria e teve que fazer cirurgia. A recomendação dos médicos era que ele passasse um ano de repouso. Só que vocês sabem como é um aventureiro quando coloca uma coisa na cabeça né? Pois é, Serguêi não resistiu e após 45 dias da operação, lá estava ele deixando o hospital com a mochila de 18kg nas costas.
Outro perrengue que o aposentado enfrentou aconteceu ao chegar na América do Sul quando ele já estava um ano na estrada. Ele foi atacado por pessoas com pistolas e facas. Os assaltantes levaram sua mala, cartões do banco e o celular com todas as fotografias tiradas. =(
A solução foi ficar na casa de um amigo de Buenos Aires por 3 semanas até que seus amigos russos enviassem todas as coisas que ele precisava.
Passada no Rio
Um dos destinos da volta ao mundo a pé era o Rio de Janeiro. Serguêi queria ver a abertura das Olimpíadas. Infelizmente por causa da espera pelos documentos ele acabou chegando dois dias depois. O suficiente porém para curtir os jogos.
“Eu acabei sendo o único atleta russo lá porque nossos atletas não vieram, mas eu tinha saído com bastante antecedência”, brinca Serguêi.
De fato por causa do escândalo de doping, a única atleta russa presente foi a saltadora Darya Klishina.
Gastos da volta ao mundo a pé
Seu orçamento diário era de 500 rublos (cerca de 9 dolares), porém com alguns imprevistos como a cirurgia e o roubo, no final a viagem saiu por volta de 1 milhão rublos (aproximadamente 17 mil dolares).
Serguêi explica que para economizar dormia em parques, aeroportos e até em pontos de ônibus.
“Na Europa, os hotéis eram um problema porque eles custam cerca de 50 euros. Então, eu pegava um saco de dormir e ia para um parque da cidade por volta das 10 da noite, pouco antes de eles fecharem. Eu me escondia em árvores da polícia. Só fiquei em hotel, por exemplo, na Bielorrússia, onde fazia -40ºC”.
Ao concluir sua aventura, Serguêi explica que a coisa mais difícil que ele passou foi sair de casa:
“Minha mochila dizia por si só que eu estava viajando pelo mundo. Eu estive sozinho, completamente sozinho por dois anos, não conhecia outra língua além da russa e tive recorrer a gestos para me comunicar.”